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Fónix Lab

Laboratório para exprimir (opiniões) admiração, indignação ou impaciência, em torno de temas atuais.

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Os Indiferentes

Tá-se bem!

13
Ago19

esplanada.jpg

 

Aconteceu num restaurante situado no cimo de uma falésia, em jeito de varanda sobre o mar...

O curioso leitor já está em pulgas para saber o que aconteceu de tão "Fónix" que nos leva a escrever esta crónica...

Saciemos a sua curiosidade, até porque tudo aconteceu num restaurante.

Almoçávamos paulatinamente, saboreando a qualidade do peixe algarvio, quando nos apercebemos que dois jovens bem parecidos, que estavam sentados lá fora na esplanada, depois de comerem e beberem faustosamente, fugiram.

A esplanada estava cheia, mas ninguém esboçou o mínimo gesto para alertar os empregados, nem mostrou estranheza pelo ato, isto é, ficaram completamente indiferentes.

Este comportamento leva-nos a identificar mais uma categoria humana que marca o nosso tempo: a dos Indiferentes.

Sim, os Indiferentes são exatamente o oposto do notável leitor, que se cruza com eles todos os dias.

Descrevamo-los:

São os que, em qualquer circunstância e sob qualquer pretexto, estão sempre em modo "Tá-se bem!"

Estão a roubar um gelado a uma criança ou a assaltar uma caixa multibanco, mas... Tá-se bem!

Estão a insultar, a maltratar, a espezinhar um cidadão ao seu lado, mas... Tá-se bem!

Está uma pessoa no chão a precisar de ajuda, mas... Tá-se bem!

"Tá-se bem" porque nenhuma destas situações os toca, os aflige, lhes faz sentir na pele o problema dos outros ou do mundo que os rodeia. Tá-se bem!

....Porque são Indiferentes.

Perdemo-nos a pensar, para tentar peceber a origem deste mal e concluímos que a sociedade, em sentido lato, e a escola, em sentido restrito, têm a sua quota parte de culpa neste estado de coisas.

Se não, vejamos: 

Para o poder político "Tá-se bem!", desde que a situação, seja ela qual for, não os atinja ou à sua Família.

Para a sociedade civil "Tá-se bem!", desde que a sua vidinha "corra de mansinho", sem sobressaltos.

E a escola, a quem os políticos e a sociedade incumbem de encontrar respostas, vê-se impotente para responder a cada vez mais urgências, acabando os agentes educativos, em nome da sobrevivência, por assumir algumas vezes também o "Tá-se bem!"

Estaremos a generalizar demasiado, amável leitor? Quer ajudar-nos a entender este fenómeno?

PS. Entretanto, no restaurante, tudo continuou como se nada tivesse acontecido, até para os empregados, após uns segundos de surpresa.

Fónix! Os únicos que PENSARAM sobre isto fomos nós.

 

by influenciadores | work in progress